“Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.”
[Lya Luft]
Xícara de café em repouso, pensamentos à solta, ideias de um universo particular em ebulição… Permaneço à esquina do abismo, a esmiuçar silêncios para atentar ao meu próprio sussurro, numa lentidão nunca antes reconhecida…
Em meu íntimo, ouço um punhado de vozes alheias, que não se furtam a gritar cada uma das imprecisões espelhadas nesse avesso que sou… delineiam perversidades e acabam por somar desconfortos.
Sempre me incomodaram os ruídos de dentro… mas tenho encontrado presenças barulhentas em excesso, cuja liberdade de apontar o dedo ao outro se mostra absolutamente invasiva.
Enquanto sorvo mais um gole do café, busco digerir as senhoras verdades de um mundo que não se quebra… Por ora, tira-me o fôlego a sensação de que algumas coisas apenas habitam outros cenários, assim como a ansiedade pelo momento seguinte, que ainda não me pertence…
Haverá de pertencer algum dia?
Acho que a busca é a liberdade. Ser, estar e também ora ou outra sumir.
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